A luta contra a dengue tem muitas frentes. Começa nas casas e nas ruas, passa pelos hospitais e se trava cada vez mais nos laboratórios. O G1 destacou cinco pesquisas que estão sendo feitas no Brasil e no exterior para mostrar os avanços que a ciência tem conquistado neste sentido.
A bactéria que ajuda
Um estudo da universidade australiana de Queensland, com a participação do brasileiro Luciano Moreira (Fundação Oswaldo Cruz / Minas), usa como arma uma bactéria. A Wolbachia está presente em 60% dos insetos, mas não se tem notícia dela em mosquitos da espécieAedes aegypti na natureza.
Um estudo da universidade australiana de Queensland, com a participação do brasileiro Luciano Moreira (Fundação Oswaldo Cruz / Minas), usa como arma uma bactéria. A Wolbachia está presente em 60% dos insetos, mas não se tem notícia dela em mosquitos da espécieAedes aegypti na natureza.
Os pesquisadores infectaram o mosquito com esta bactéria e conseguiram um efeito surpreendente. Os espécimes infectados se tornaram imunes ao vírus da dengue. Ou seja, estes mosquitos simplesmente não transmitiriam a doença. Os cientistas não sabem explicar ao certo porque isto acontece, uma hipótese é que a bactéria seja mais forte na luta pelos nutrientes que estão dentro das células do inseto.
Outra característica importante da Wolbachia é que ela se perpetua de geração para geração. Um a fêmea infectada com a bactéria a passará para seus filhos. Por isto, a ideia dos pesquisadores é infectar fêmeas com a bactéria e soltá-las na natureza.
A hipótese é de que, em longo prazo, todos os Aedes aegypti se infectem. Se isto vier a acontecer, o mosquito deixará de ser um vetor para o vírus e não mais transmitirá a dengue. O plano deve ser posto em prática ainda em 2011 na Austrália.
Genética
No Imperial College London, da Inglaterra, pesquisadores apostam na genética para controlar as populações do mosquito transmissor. Um estudo teórico neste sentido foi divulgado no início de fevereiro deste ano pela publicação científica “Genetics”.
Eles criaram um modelo segundo o qual seria possível espalhar toxinas entre os Aedes aegyptisem o uso de pesticidas. Com alterações genéticas, seria possível colocar uma toxina no sêmen do mosquito, de forma que ele ou mate a fêmea ou a deixe infértil.
Este estudo não saiu do campo teórico. Os geneticistas propuseram o modelo por meio de equações matemáticas. De toda forma, há recursos para que ele seja posto em prática pela biologia molecular.
Uma preocupação da comunidade científica quanto à ideia é proteger a espécie. Reduzir as populações em pontos onde a dengue é um problema é um objetivo desejável. No entanto Mark Johnson, editor-chefe da “Genetics” lembra que “mosquitos têm uma função num ecossistema maior e erradicá-los completamente pode ter consequências inesperadas".
Má notícia
Marylene de Brito Arduino, pesquisadora científica da Superintendência do Controle de Endemias da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (Sucen-SP), descobriu que a larva do Aedes aegyptiestá ficando mais resistente. Em sua pesquisa de doutorado, analisou os criadouros na cidade de São Sebastião, litoral norte de São Paulo.
Pela primeira vez, houve registro de reprodução dos mosquitos em água salina, ou seja, com resíduos de sal. A concentração máxima de salinidade na qual eles se reproduziram foi de 13,5%. Não é uma concentração tão alta. Por isto, colocar sal na água para matar as larvas ainda deve ser considerado um meio de matar as larvas.
De toda forma, a descoberta é um claro indício de que o mosquito está ficando mais tolerante, se aclimatando bem às condições oferecidas pelos humanos. Foram encontradas larvas vivas também em recipientes com produtos químicos e ferrugem.
Não se pode chamar este processo de evolução, pois não se trata de nenhuma mutação. O mosquito continua se reproduzindo normalmente em água limpa e parada.
Vacinação
O Instituto Butantan, em São Paulo, é um dos que investem nesta área. Há uma parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos na produção do medicamento.
O Instituto Butantan, em São Paulo, é um dos que investem nesta área. Há uma parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos na produção do medicamento.
No Brasil, esta pesquisa já foi testada em camundongos e macacos e, até o momento, tem se mostrado segura e eficiente. Alexander Precioso, diretor de testes clínicos do instituto, está agora providenciando as condições para que comece a fase de testes em humanos. Nos EUA, estes testes já começaram.
É importante ressaltar que há várias pesquisas correndo em paralelo na busca pela vacina. Mundo afora, há empresas particulares – e concorrentes entre si – investindo dinheiro em pesquisas.
Engenharia
Nem só de ciências biológicas vive a luta contra a dengue. Adilson Elias Xavier, professor da pós-graduação da engenharia na UFRJ, usou a matemática aplicada para ajudar os agentes sanitários. Ele é um dos mentores do Webdengue, um projeto que ajuda na logística e na otimização dos recursos da saúde pública.
Nem só de ciências biológicas vive a luta contra a dengue. Adilson Elias Xavier, professor da pós-graduação da engenharia na UFRJ, usou a matemática aplicada para ajudar os agentes sanitários. Ele é um dos mentores do Webdengue, um projeto que ajuda na logística e na otimização dos recursos da saúde pública.
Com mapas urbanos, banco de dados integrados e computadores portáteis (palmtops) distribuídos entre os agentes, é possível organizar melhor o combate. Os focos já visitados ficam marcados no mapa e fica mais fácil visualizar os caminhos que devem ser traçados. Além disto, o sistema integrado ajuda com que os agentes se juntem rapidamente se preciso.
O sistema já foi utilizado com sucesso em Fortaleza e está pronto para ser aplicado também no Rio de Janeiro.
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