A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que comemora sexta-feira 112 anos, vai construir a primeira fábrica de vacinas fora do Rio de Janeiro. A nova instalação ficará no Ceará, no município de Eusébio, na Grande Fortaleza. Entres os imunizantes que produzirá, está o de febre amarela por uma nova tecnologia que dispensa o uso do vírus atenuado - será a primeira vacina do mundo produzida a partir de uma planta. A nova fábrica faz parte de um programa de expansão da Fiocruz e prevê a construção de outras três unidades, em Rondônia, Mato Grosso do Sul e Piauí.
"A Fiocruz quer repensar o seu programa nacional. Há vazios da presença da ciência, tecnologia, de temas importantes da saúde em algumas regiões do Brasil. Queremos tornar esses temas mais presentes em todo o País", afirmou o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. As unidades do Ceará, Mato Grosso do Sul e Rondônia serão licitadas este ano e a previsão é de que fiquem prontas em dois anos. Mas os núcleos da Fiocruz já estão instalados.
No Ceará, a fábrica será instalada no Polo Industrial Tecnológico da Saúde, em Eusébio. Em janeiro, a Fiocruz já havia anunciado o acordo de transferência de tecnologia com o Centro Frauhofer para Biotecnologia Molecular para a fabricação da vacina de febre amarela a partir de uma plataforma vegetal, sem o vírus atenuado. O novo imunizante é mais seguro, com baixo índice de reações e efeitos adversos. A previsão é de que esta nova vacina seja produzida na fábrica de Eusébio. A Fiocruz produz hoje 24 milhões de doses da vacina de febre amarela, dos quais exporta 3,7 milhões para 70 países.
No total, a fundação produz 140 milhões de doses de oito vacinas diferentes. Há 25 projetos de pesquisa em andamento para o desenvolvimento de sete vacinas bacterianas, seis vacinas virais, entre elas contra os quatro sorotipos da dengue, desenvolvida em parceria com o laboratório GSK, sete novos reagentes e cinco biofármacos.
Em Rondônia, o núcleo regional da Fiocruz trabalha no estudo de impacto na saúde da instalação das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. "Junto com o estudo tem a ideia de intervenções que possam mitigar problemas como a malária e outras doenças que podem vir decorrentes não só do impacto ambiental como da forte migração interna que esses projetos acarretam", afirma Gadelha.
De acordo com o presidente, a abertura de novos polos permite dar mais visibilidade à produção científica no interior do País. "Estamos repensando a relação entre regional e nacional, há um acúmulo de experiência que existem nessas regiões e que não adquiria visibilidade nacional". A Fiocruz já tem instalações na Bahia, em Minas Gerais, Pernambuco e no Amazonas. Na sexta-feira, a fundação vai lançar o Livro Saúde no Brasil em 2030, que faz um diagnóstico e traça diretrizes para o Sistema Único de Saúde (SUS).
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